domingo, 19 de junho de 2016

Peso nos ombros

Carrego o que pesa em muitos. Carrego seus podres pesos sobre meus tão jovens-envelhecidos ombros. Carrego seus olhares repletos de sangue e dor, mas também julgador. Carrego o peso da culpa de não ter cometido nada tão grave do que eu possa me confessar. Carrego o peso de dois mil anos e, também, o de alguns meses. Meus olhos pesam pela opressão do sorriso que me negaram, do carinho que não recebi, da ternura que se desviou de mim. Não desejei isso. Apenas aceitei, resignadamente, amável e sorrindo, que suas culpas fossem as minhas e, com isso, não me permiti errar.
Liberdade, Liberdade! Vem encontrar-me depressa!

quarta-feira, 15 de junho de 2016

Dilema


Meu coração tem vontades que minha mente desconhece e não suportaria conhecer.
Minha mente tem consciência que muitas das suas vontades matarão meu coração.

quinta-feira, 9 de junho de 2016

ODE À FIDELIDADE

Canto louvores a Ela. 
Preciosa arma contra a rotina,
o tempo, 
o cansaço.
Tesouro inestimável dos amantes.
Loucura para os poetas e artistas
mas também ansiada por estes que
muitas vezes
jamais conseguem possuí-la.
Ousaria dizer que
nela
há pouco de humano.
Existindo muito do inexplicável.
Sagrado, até.
Dizer não a todo o mundo para
Afirmar um verdadeiro e inteiro sim
É escolher a morte, muitas vezes. 
Uma morte que
sem dúvida
toca o Sagrado e
possibilita a Ressurreição.
Principalmente porque o sim precisar ser
a cada dia
Fecundo
Intenso
Esperado
Livre
para que o amor seja 
Apaixonado, sem
Medo
Otimista e
Renovado.
Em tempos de fugacidade,
Inconstâncias
Do descartável e
Passageiro
Canto um grande louvor e
reverencio àquela que sempre é
Presente, 
Constante, 
Eterna.
Amá-la e servi-la 
é experimentar uma face da
Liberdade.
Ó Fidelidade, minha amiga, 
Encha-me com tua
Paz, 
e seu prazer transcendente.

quinta-feira, 2 de junho de 2016

A Rosa (num outro dia)








Suas pétalas quase todas ao chão. Preso ao pedúnculo, apenas o receptáculo de uma nova vida. As sépalas antigas acolhem ainda um vestígio daquelas tão amadas pétalas. Mesmo diante da dor em vê-la deixar-me, alimento-me da esperança de que, em breve, ressuscitará e me trará nova alegria.




quarta-feira, 1 de junho de 2016

ROSA




Da janela, observo-a cheia de encantamento.

Suas pétalas tão vermelhas
 pedem que eu me aproxime mais.
Durante um longo tempo vou,
inspiro seus aromas,
escuto atentamente sua vida
e volto, sempre mais enamorada.
Mas com o passar das semanas,
e quanto mais me aproximo,
percebo que meu desejo é possuí-la.
Possuí-la é arrancá-la.
E arrancá-la é matá-la.
Matá-la é matar-me a mim mesma.
Pois sua seiva me alimenta,
suas cores me inspiram,
sua resistência me motiva,
sua fragilidade e força me intrigam.
Sua vida me dá vida.
Por isso, hoje, nesse não tão longo caminho entre a sala e a rosa,
calculo e decido firmemente que,
a melhor maneira de possuí-la é deixá-la
e, de longe, amá-la.
Em silêncio ou
Dizendo apenas poucas palavras.
Mas alegrando-me
tanto com sua beleza
quanto com a admiração que causa em muitos.
Ela é de todos!
Eu não digo a ninguém,
mas lá no fundo,
ela será sempre a minha rosa.

Quem gosta...