quarta-feira, 2 de março de 2011

Falta

Hoje eu sinto falta...
Sinto falta do beijo que eu não dei,
da palavra que eu não disse,
do carinho que eu não fiz!
Sinto falta de receber aquela rosa,
ler aquele poema,
chorar de saudades...
Sinto falta do que eu não fui,
do que eu queria ser,
do que eu não tenho coragem de viver.
Sinto falta da mensagem com apenas uma palavra,
do olhar que diz tudo,
das mãos entrelaçadas.
Sinto falta de escrever,
de cantar e pintar!
Queria sentir menos hoje! Queria não sentir nada!
Mas o meu coração não me obedece e insiste em fazer assim!
Quem sabe ele apenas quer que eu não me esqueça que eu tenho coração???

Letícia Cristina Pereira
O que impede um verdadeiro amor de acontecer é o medo!
Medo de sofrer...

terça-feira, 1 de março de 2011

A felicidade

Um dia um homem muito triste sentou perto de uma criança, no banco da praça.
Ele já não sabia o que fazer com suas imensas tristezas e desilusões. Afinal, nunca fora suficientemente feliz.
Pensava nos amores que perdeu, uns porque não fora capaz de se doar, outros porque se entregou demais... Sabia que em todos os relacionamentos que teve, poderia ter sido feliz. Mas, infelizmente, ele só percebeu isso quando já não havia esperanças. Quando nada mais podia ser feito.
O emprego era o pior do mundo. Não para toda a sociedade e sim para ele. Era Auditor Fiscal. Tinha um altíssimo salário, era muito respeitado, tinha dinheiro e poder suficiente para comprar e ser o que muitos sonham... mas ele não era, ele não queria.
Para esse homem, sentado ao lado da criança, nada em sua vida era importante, nada tinha valor.
Pois não era isso o que ele sempre sonhara...
Quando menino, ele queria ser pintor! Adorava desenhar, rabiscando qualquer coisa, imaginando-se um grande artista. Gostava de ficar sozinho, a contemplar a natureza, a beleza da água, da terra, da borboleta... Vivia a sonhar com castelos, com finais sempre felizes, com o melhor!
Mas ao crescer, esses sonhos foram sufocados e transformados em meras "bobeiras de criança". Nada que ele realmente queria aconteceu. Ele foi sendo levado pelo que os outros queriam que ele fosse!
Aprendeu com os adultos que a vida é dura, e que apenas quando aceitamos isso estaremos verdadeiramente maduros!
_Um homem inteligente como você vai longe! Será doutor, com certeza! Não precisa de ninguém pra conseguir ser o melhor! Você nasceu pra isso!!! - diziam os outros.
E ele, por muito medo de não agradar, de ser incompreendido pelas pessoas, acabou acreditando que não haveira nenhum problema em mudar seus planos e sonhos: passaria a sonhar o que os outros sonhavam para ele!!! Assim, encontraria o melhor caminho para a sua felicidade! Afinal, era só isso que ele queria: ser feliz!
Foi tentando conciliar em sua vida, todos os sonhos dos outros e assim achou que seria muito mais fácil viver! A culpa dos fracassos e erros jamais seriam dele! Quem disse pra ele tentar aquele concurso foi o fulano, quem disse pra ele namorar aquela moça foi sicrano, quem decidiu essa roupa foi sua irmã, o seu corte de cabelo foi ideia da namorada. E assim, ele se esquivava de qualquer responsabilidade! Qualquer não-aceitação! Certo????
Errado...
Esse homem nunca conseguiu ser feliz com todos esses sonhos nas costas. Acabou virando a pessoa mais frustrada e insatisfeita do mundo. Ele já não sabia quem era, não sabia o que queria ser, não era feliz. Não era nem um pouco feliz! Era apenas escravo dos outros e de si mesmo. Era escravo dos seus medos, das suas angústias, dos seus fracassos...
Esse homem estava ali sentado ao lado daquela criança, a pensar. Havia dias não tomava banho, não fazia a barba, não ia trabalhar. Naquele momento, só pensava em uma única coisa:
_"Não quero mais viver!"
A criança começou a desenhar no chão de areia, com um graveto... e só naquele momento, o homem percebeu que tinha gente ao seu redor. Ficou a olhar aquele ser inocente, fazendo o que queria, sem se preocupar com os outros. Aquela criança era feliz.
Então o homem se lembrou que também já fora criança um dia. E que também fora feliz, tivera sonhos, vontade própria.
Assim, percebendo que o segredo para a sua felicidade era encontrar a criança adormecida dentro de si mesmo, deu um salto do banco e pegou um graveto. Sentou-se ao chão e ficou a rabiscar...
Deus ali, falou-lhe ao coração!
Ainda era um criança cheia de vida pela frente! Bastava coragem para dar os primeiros passos rumo à própria felicidade.
Autora: Letícia Cristina Pereira

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